segunda-feira, 6 de maio de 2013

História do Rio de Janeiro

A coisa começou no século XVI, pouco depois que Pedro Álvares Cabral, rapaz que estava fugindo da calmaria, encontrou a confusão, isto é, encontrou o Brasil. Até aí não havia Rio de Janeiro.

Depois, em 1512 — segundo o testemunho ocular de Brício de Abreu —, rapazes lusitanos que estavam esquiando fora da barra descobriram uma baía muito bonita e, distraídos que estavam, não perceberam que era baía. Pensaram que era um rio e, como fosse janeiro, apelidaram a baía de Rio de Janeiro. Eis, portanto, que o Rio já começou errado.

Passaram-se os anos, os portugueses não deram muita bola pra descoberta, e vieram uns franceses intrusos e se alojaram na baía. Foi então que os portugueses abriram os olhos e, ao mesmo tempo, abriram fogo contra o invasor, chefiados por um destemido cavalheiro que atendia pelo nome de Estácio de Sá (onde mais tarde se fundaria a primeira escola de samba, mas isso foi depois).

Estácio era sobrinho de Mem de Sá, ex-governador-geral, e primo de Salvador de Sá, que mais tarde viria a governar a cidade. É interessante notar que, muito tempo depois, quem descer pela Rua Mem de Sá vai dar na Rua Salvador de Sá que, por sua vez, passa pelo Largo do Estácio, também de Sá.

Quando os comandados de Estácio de Sá iniciaram a batalha contra os franceses, a coisa foi dura e só se resolveu numa derradeira batalha travada na Praia de Uruçumirim. Para vencer tiveram que suar a camisa e é por isso que, mais tarde, a Praia de Uruçumirim ficou sendo a Praia do Flamengo, o célebre Flamengo, que, por tradição, sua a camisa até hoje. Isso aconteceu aí pelo ano de 1567 e estava fundada a cidade do Rio de Janeiro, a mesma que viria a ser, em 1763, capital do vice-reinado, e depois capital da República dos Estados Unidos do Brasil.

A cidade foi construída sobre alagadiços e a brava gente, que a construiu, secou tão bem os alagadiços que até hoje está faltando água.

Quando, em 1763, foi considerada capital do vice-reinado, a cidade tinha somente 30 mil habitantes natos e mais, naturalmente, o Brício de Abreu, que não nasceu aqui, mas em Paris, de onde veio ainda pequenino no vapor "Provence".

Daí por diante o Rio de Janeiro foi crescendo, foi crescendo, foi crescendo e... pimba!... estourou. E, como tudo que estoura, abriu buraco pra todo lado.

Tal é, em resumo, a História do Rio de Janeiro, que foi descoberto por portugueses navegadores e que portugueses do comércio atacadista da Rua Acre querem levar para Portugal. Daí o velho ditado de Tia Zulmira: "Cabral descobriu o Brasil e Manoel quer carregar."

Não é, como o leitor mais arguto pouquinha coisa pôde perceber, uma História tão brilhante assim, como pretendem as letras dos sambas apoteóticos.

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Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.

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