sábado, 29 de junho de 2013

Ferro em Ferros

Sim, companheiros: ferro em Ferros! Aqui essa a notícia, retirada do jornal tal qual foi publicada: "As moças da cidade de Ferros (MG), situada no coração de uma das zonas mais ricas de minério de Minas Gerais, iniciaram uma greve: a greve do flerte, que consiste em não aceitar como namorados, no período de férias, os rapazes que as trocam, durante o ano letivo, pelas estudantes que vêm de fora.

A greve das moças de Ferros (cidade atualmente com 20 mil habitantes) consiste em não aceitar convites para festas, cinemas ou passeios no jardim (fora o mais importante, naturalmente; e, naturalmente, o parêntesis é por nossa conta), em represália ao fato de os rapazes da localidade trocarem-nas sistematicamente, de abril a novembro, pela moças que se matriculam na Escola Normal da cidade."

Taí no que dá os ferristas (ou será ferrenhos, ou mesmo ferreiros, Osvaldo? Verifica aí) gostarem de novidades. Podiam maneirar com as mocinhas locais. Mas não: chegam as normalistas, mocinhas de fora e — portanto — mais propensas à confraternização, e eles aderem, deixando as beldades locais no frigorífico, até as férias. Agora as ferristas, sem a concorrência das condescendentes rivais, endureceram o jogo, feridas que estão no seu amor-próprio pelo desprezo que dura todo o ano letivo.

Resultado: os rapazes de Ferros vão ficar numa abstinência bárbara de mulher: de janeiro a março. Três meses sem mulher, companheiros. Será que eles aguentam  Se fosse conosco estávamos mais jururu que um galo de terreiro olhando o cercado das frangas.

Mas foi bem-feito. Quem mandou ferirem o amor-próprio das moças de Ferros? Vocês desculpem, sim? Mas era inevitável.

Está na cara que Primo Altamirando, quando leu a notícia no jornal, trocadilhou inexorável: "Quem em Ferros fere, em Ferros será ferido."

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Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Menos vale um professor que futebol nessa terrinha


Em São Paulo o protesto iniciou por causa do aumento de 20 centavos. Aqui o bondindinho aumentou 75 centavos. Que palhaçada é esta? Outra coisa: esporte não é só o futebol. A mídia impõe, porque não é só o Neymar a ganhar euros ou dólares: há uma cambada de "cumpanheros"  que ganharão muito mais nesta futura copa! Olho vivo, povo brasileiro!


A exemplo do que tem acontecido em diversas cidades brasileiras após os protestos em São Paulo pelo aumento da tarifa do ônibus, Balneário Camboriú teve, nessa noite, sua manifestação. O ato, previsto para as 19 horas no calçadão da Av. Central, projetado pelas redes sociais para cinco mil pessoas, extrapolou pelo número de manifestantes aqui na "Princesinha do Atlântico Sul". O trajeto foi feito, inicialmente, pela Avenida Brasil até a Rua 1400. Em seguida, pela Avenida Atlântica até à Estrada da Rainha.

Na sexta-feira, 21, ocorrerá o segundo ato. Este terá concentração na Praça Tamandaré, às 18h. Até o momento são mais de 4.300 pessoas com presença confirmada na página do evento.

Viva o professor! Viva o trabalhador que paga seus impostos, embora nem alguns assitam futebol!
Uma observação em relação ao protesto, que iniciou por causa do aumento de 20 centavos em São Paulo: na nossa Balneário Camboriú, o bondindinho teve aumento de 75 centavos,  quase quatro vezes mais que o valor do protesto original.

Também, o protesto não se limitou somente ao aumento da tarifa do ônibus. E embora isso tenha sido a válvula de escape para protestar contra a corrupção e a má gestão de nossos políticos, a falta de consolidação de metas objetivas de alguns organizadores tem causado confusão ao movimento, misturando temas que não deveriam ser misturados.

Colocar assuntos como Marco Feliciano, Silas Malafaia, a polêmica pauta do estatuto do nascituro, entre outros, no meio disso acaba dividindo opiniões, fazendo com que o movimento perca a força. Mas, também, querem o quê? Falando sério, o assunto "Marcos Feliciano" já deu (já encheu o saco). Esse idiota está agora lá no meio de gentinha pior do que ele. Silas Malafaia é o de menos nessa confusão: é dinâmico, inteligentíssimo e tem lá suas ideias que são contestadas.
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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Colchão de vaca

Você aí, sabia que vaca tem um sentimento cheio de sutilidades? Agora, sente o drama, vá. Vaca também gosta de boa vida, de ser bem tratada, merecer o seu elogiozinho, como qualquer pessoa vaidosa ou precisada do chamado calor humano.

Claro que, no caso da vaca, melhor seria dizer calor bovino.

Mas não se aplica a expressão. Nada se aplica porque vaca gosta de calor bovino (aliás ela deve gostar mais de calor taurino do que de calor bovino) mas é muito exigente também em relação ao calor humano. Quem disse isso não foi Freud, no seu substancioso manual. Quem disse foram os discípulos atuais do Segismundo...

Como, minha senhora? Se o primeiro nome de Freud era Segismundo?

E era, não somente o seu primeiro nome como também o seu primeiro complexo. — Mas — prosseguindo — psicanalistas modernos descobriram que vaca é um bicho muito sutil e muito vaidoso, sendo que este segundo sentimento qualquer um manja: basta reparar no rebolado pretensioso de todas as vacas, quando caminham. Quanto à sutileza das vacas, foram estudos mais apurados que levaram os psicanalistas à certeza de que vaca bem tratada é mais gentil. A gente tem que puxar saco de vaca, para ela dar mais leite.

Antigamente pensava-se que, para vaca dar leite, bastava puxar suas tetas (lá dela), mas agora já se sabe que também é preciso puxar saco. Diz o criador holandês Van Diesen, num livro sobre pecuária: "Aquele que criar suas vacas em desconforto terá prejuízo. A vaca melhora sempre sua produção de leite, quando cuidada com mais carinho e deferência."

E foi para aumentar a deferência para com as vacas que os pecuaristas europeus passaram a usar colchão de espuma de borracha nos estábulos. As vacas que dormem em colchão de espuma ficam muito mais pródigas do que as outras, às quais se dá um mísero catre de palhas secas para

 repousar. Os vendedores de colchões de espuma de borracha para vacas afirmam que os animais gostam e se acostumam de tal forma à nova Comodidade que, depois de certo tempo, passam a zelar pela limpeza dos seus leitos.

Enfim, o que eles querem dizer é que vaca tratada com boa educação também fica bem educada e, depois de um certo tempo, já não faz mais pipi na cama.

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Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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