sexta-feira, 11 de outubro de 2013

De como caçar o ratinho

Os jornais da oposição continuam implicando com o que chamam de "ciclo zoológico" do Palácio Guanabara, depois que lá se instalou o governo de Carlos Frederico Werneck De. Aqui estamos a ler um matutino que reprova a existência de alguns passarinhos nas gaiolas penduradas nas varandas do palácio, porque os ditos passarinhos fazem "fi-fiu" para as funcionárias que transitam pelo local. Não achamos que isto seja feio. O papai aqui não é passarinho nem nada, mas já fez muito "fi-fiu" para funcionárias. Em alguns casos — inclusive — houve adesão.

Mas as folhas da oposição não perdoam. O "Diário Carioca" informa que o "ciclo zoológico" aumentou com o aparecimento de um ratinho cujo — cada vez que corre pelo assoalho do Guanabara — obriga a um monte de funcionárias a subir nas cadeiras e levantarem a saia. — "Ratinho legal" — diria Primo Altamirando, nosso abominável parente.

Já Tia Zulmira, senhora de uma retidão de caráter impressionante, quando soube que há funcionária se dando ao feio vício do strip-tease amador, só por causa do ratinho, ficou indignada e telefonou para o Palácio Guanabara, chamando o administrador. Assim que este atendeu, ela perguntou se já descobriram o buraco do ratinho. O administrador entendeu mal. Tia Zulmira explicou que era o buraco onde o ratinho mora.

Diante da resposta afirmativa, a sábia senhora ensinou um meio infalível de apanhar o ratinho, para que termine de uma vez por todas esse negócio de funcionárias em cima dos móveis fazendo strip-tease de graça.

— Vocês comprem uma lata grande de caviar — explicou a sábia ermitã da Boca do Mato. — Mas comprem caviar do bom: Romanoff, de preferência. Todo dia de manhã um funcionário do palácio pega uma torradinha, bota um pouco de caviar em cima, e enfia no buraquinho onde o ratinho mora.

— Durante quanto tempo? — perguntou o administrador do Guanabara.

— Durante 29 dias — informou Tia Zuzu. — Todos os dias, à mesma hora, coloquem uma torradinha com caviar em cima, no buraco onde mora o ratinho. Quando chegar o trigésimo dia, o encarregado desse serviço deve apanhar um martelo e ficar ao lado do buraquinho. Depois enfia no buraquinho a torradinha sem o caviar. Quando o ratinho puser a cabeça pra fora e perguntar: "Mas que negócio é esse? Só a torradinha? Cadê o caviar?" o funcionário dá-lhe uma traulitada na cabeça e está consumada a "Operação Ratinho".

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Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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Por que cães comem grama?

Por que os cães comem grama de vez em quando?

Para melhorar seu processo digestivo. "É um comportamento normal e que não deve causar preocupação", afirma o veterinário Mauro Lantzman, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Embora não sejam vegetarianos, os cachorros, assim como outros animais carnívoros, como gatos, lobos e raposas, possuem esse hábito. "A fibra presente na grama ingerida pelo cão tanto melhora seu trânsito intestinal quanto provoca vômito no caso de o animal ter ingerido algum alimento que não lhe fez bem", diz Mauro. Isso acontece porque os vegetais têm a capacidade de irritar o estômago canino e provocar a rejeição daquilo que está causando náusea e dor, como alimentos impróprios e estragados.

Os gatos também podem comer grama para expulsar do estômago, por meio do vômito, tufos de pêlo ingeridos durante as lambidas no próprio corpo. Já a ingestão de terra por totós e bichanos é um sintoma característico de deficiência de sais minerais (inclusive cálcio e fósforo) na dieta.

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Fonte: Mundo Estranho
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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O índio

Contou como é que foi. Disse que — de repente — resolveu se fantasiar, coisa que não fazia há anos. Podia optar por duas fantasias: a de árabe ou a de índio, que são as mais fáceis de se fazer a domicílio.

Árabe — sabem como é — a gente faz até com toalha escrito "Bom Dia". Amarra uma de rosto na cabeça e enrola outra de banho no corpo. Por baixo: cueca. Nos pés: sandália. Não fica um árabe rico, mas já dá pro consumo. Índio ainda é mais fácil. Faz-se com uma toalha só, bem colorida. Enrola-se a dita na cintura, com short por baixo. Na cabeça coloca-se o que antes foi o espanador.

Contou que foi de índio porque em casa tinha dois espanadores. Não ficou um índio legal, desses que o John Wayne mata aos potes, em cinemascope. Mas também não chegava a ser desses índios mondrongos que tiravam retrato com o Dr. Juscelino. Se tivesse saído de árabe não teria apanhado a vizinha, distinta que vinha cercando desde setembro, quando ela se mudara para o 201.

E continuou contando.

Índio de óculos também já era debochar demais da realidade. Assim, ao sair pela aí, deixou os óculos na mesinha de cabeceira. Andou pela Avenida, viu as tais sociedades carnavalescas e depois entrou num bar para lavar a caveira. Quando voltou para casa estava ziguezagueando.

Bebera de com força e entrou no edifício balançando. E — coitado — sem óculos, não enxergava direito. Subiu no elevador, saltou no segundo e foi se encostando pelas paredes do corredor. Tava um índio desses que quer apito.

— Que é que tem tudo isso a ver com a vizinha?

Sem óculos — tornou a explicar — em vez de entrar no 202 (seu apartamento), viu a porta do 201 aberta e foi entrando de índio e tudo.

— Era o apartamento da vizinha?

— Era.

— E ela?

— No começo não quis. Mas acabou entrando pra minha tribo.

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Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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